Como lidar com a quarentena




                                                                                                                                         Por Isabelle Alves


Ao longo dos últimos meses, a Covid-19 vem sendo o tema principal pelo mundo, doença com mais de 2 milhões de casos confirmados e 179 mil mortes. Ainda no processo de pesquisa e análise, médicos e cientistas de todo o mundo orientam o isolamento social como medida de prevenção.
            O citado isolamento social visa afastar as pessoas doentes das não doentes, no intuito de retardar a transmissão do vírus. Seu cumprimento pode ocorrer em domicílio ou em ala hospitalar, dependendo do caso. A quarentena, no entanto, restringe qualquer um que possa ser exposto à doença, incluindo não infectados e os que estão em período de incubação (o tempo entre o possível contágio e a aparição de sintomas da doença).
            Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a quarentena da forma como conhecemos hoje, se originou na Idade Média, quando os navios que chegavam em Veneza, vindos de países afetados pela Peste Negra, deviam se manter 40 dias atracados, até que as pessoas a bordo pudessem descer. Acredita-se que os 40 dias fossem uma referência religiosa, aos 40 dias e 40 noites que Jesus passou no deserto, mas o tempo que cada quarentena dura depende de cada doença.
            A quarentena tem séculos de eficiência, como durante na peste bubônica, que de setembro a dezembro de 1665 houve 42 mortos na aldeia inglesa Eyam. Em junho do ano seguinte, o local foi posto em quarentena, e em novembro a doença havia sido extinta.
            Esse isolamento social, no entanto, pode trazer algumas complicações na vida das pessoas. Pessoas com depressão e ansiedade, muitas vezes, entram em contato com notícias indevidas ou sensacionalistas e agravam seu quadro emocional; claustrofóbicos têm problemas em se manter em casa; os que têm transtornos como TOC e TDAH podem passar a ter atos de higiene extremos ou escassos.

Imagem disponível em: <https://www.gettyimages.com.br/detail/foto/senior-man-who-cannot-leave-the-house-due-to-an-imagem-royalty-free/1213091130>. Acesso em 22/04/20

Além disso, todos estão propensos a sofrer algum desconforto nesse período, por necessitarem da interação com seus semelhantes, já que o ser humano é antes de tudo um ser social. Por isso, é necessário que haja algumas ações para amenizar desconfortos psicológicos e emocionais.
Uma medida essencial para manter o controle da mente e das emoções é evitar notícias em excesso. É importante que todos estejam a par do avanço científico nessa luta contra o vírus, mas não devem acreditar em todas as informações que recebem peloWhatsApp, nem procurar informações em sites pouco confiáveis. Isso só prejudicará a saúde mental, principalmente em pessoas com ansiedade ou depressão.
Outra medida importante é a manutenção da rotina nesse período. O sono desregulado, com cochilos fora de hora ou até insônia, tem perturbado muitas pessoas nesse período. A produção de melatonina – hormônio que induz ao sono – é afetada com o excesso da tecnologia, por causa da luz dos equipamentos. O ciclo da luz e da escuridão também é um fator, pois ao acordar tarde, o cérebro não capta a luz do dia, sem saber que em torno de 13 horas será a hora de dormir.
Mesmo que o recomendado durante a pandemia de Covid-19 seja a distância, não quer dizer que é preciso perder o contato. A tecnologia é caracterizada por aproximar quem está longe, e nesse momento é mais que necessária – uma ligação, uma mensagem, uma vídeo chamada. Ninguém precisa enfrentar isso sozinho. Existem aplicativos que inclusive possibilitam que um grupo de amigos assista juntos ao mesmo filme, comentando-o.
E não apenas a conexão com amigos, agora distantes, pode ajudar na estabilidade mental e emocional; mas conectar com quem está perto ajuda muito. Jogar cartas, tabuleiros, assistir a um filme juntos, descobrir mais sobre quem está por perto. Aos que estão dentro de casa, seguindo as orientações, é inevitável que se juntem ao longo do dia; então por que não parar para se divertirem?
Cuidar de si mesmo também é importante, seja física ou mentalmente. Praticar exercícios, meditar, ter uma dieta saudável e manter-se positivo. Existem milhares de exercícios (que trabalham o físico ou a mente) na internet que podem ajudar nesse momento de isolamento social. Enquanto isso, a ciência avança cada vez mais rumo à vacina. Procurar saber dos recuperados, dos países em que as prevenções estão surtindo efeito pode ajudar também a controlar a ansiedade.
Divertir-se também é uma forma de lidar com este isolamento. Ler um livro, assistir a filmes, ouvir novas músicas, até começar um novo idioma ou tentar tocar um instrumento. Nesse período, muitos sites, plataformas e autores liberaram cursos, e-books, jogos e até assinaturas grátis para que todos se entretenham.
O importante é não parar: milhares de plataformas estão aqui para melhorar o “currículo”, tirar dúvidas de matérias, ensinar coisas novas, praticar talentos adormecidos. Se seguirmos as orientações, logo tudo estará de volta aos eixos, e é melhor que tenhamos aproveitado este tempo da forma mais vantajosa e segura possível.

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