O mês de junho é dedicado à comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexuais e mais). As pessoas pertencentes a esse grupo representam identidades de gênero e orientações sexuais bastante diversificadas, que muitas vezes não cabem sob um rótulo. É válido dizer que esse movimento é alvo de muitos preconceitos, violências e intolerâncias no Brasil e no mundo.
A
pesquisadora Maya Pires, que desenvolve a iniciação científica intitulada “O
feminino libertador em Leila Míccolis”, afirma ao E-Jornal Eseba em Notícia que
há várias “razões” que motivam a não aceitação da sociedade a essa comunidade,
o que dá origem ao preconceito disseminado há anos. Em entrevista, Maya afirma
que um dos principais motivos é a manipulação dos textos religiosos por seus
pregadores, que sustentam seu ponto de vista a partir do que entendem como conceito
de família tradicional, além de uma grande onda neoliberal e conservadora que
tem se destacado tanto no Brasil quanto em vários outros países. Como
pertencente a essa comunidade, a entrevistada reflete sobre o fato de que
existem vários desafios enfrentados ao ser bissexual. Além de enfrentar a
bifobia, a exclusão e o julgamento por não corresponder ao estereótipo
feminino, criado pela sociedade, muitas pessoas que se identificam como
bissexuais recebem comentários preconceituosos sobre a sua orientação sexual, julgando-a
como uma indecisão ou apenas uma fase.
Embora
haja conquistas no campo da diversidade de gênero no Brasil, ainda há uma visão
conservadora de determinada parte da sociedade sobre essa questão, tendo em vista
a falta de interesse das autoridades de discutirem políticas públicas voltadas
a esse grupo. Por consequência, não há projetos e ações que abordem questões
caras à comunidade LGBTQIA+, como a inclusão dessas pessoas na sociedade, possibilitando
que ocupem cargos em empresas públicas e/ou privadas.
Em
termos de conquistas e enfrentamentos das pessoas LGBTQIA+, Maya considera que
“uma das principais conquistas foi a OMS ter desconsiderado, na década de 1990,
as sexualidades monodissidentes como doença”, deixando de serem vistas como uma
alteração biológica. Além de todos os enfrentamentos, há também a união das
pessoas dessa comunidade em prol de ações como a criação de projetos de
acolhimento ao próximo. A estudante também cita que a informação rápida por
meio da internet e a globalização possuem um imensurável papel positivo na
resistência e no enfrentamento dessa intolerância.
Para
se garantirem conquistas e direitos efetivos, a pesquisadora considera necessária
uma mudança no “jogo”, já que os integrantes da comunidade, atualmente, apenas
perdem ao serem alvos de uma exclusão social, sendo ignorados ao reivindicarem direitos,
uma vez que determinada parcela da sociedade os considera como pessoas não
merecedoras de conquistas sociais. Maya afirma também que os direitos já
existentes se tornam “flutuantes” todas as vezes em que há troca dos
governantes à frente da administração pública brasileira, o que enfraquece
garantias já estabelecidas. Da mesma forma, ressalta que, no contexto governamental
atual, não há a possibilidade desse grupo ter os seus direitos efetivados. Dado
isso, pequenas mudanças podem ser feitas a partir de mobilizações e
organizações.
Ao falar sobre o tema e de sua importância, Maya salienta que o respeito à diversidade de gênero é fundamental tanto para a saúde física do indivíduo quanto para a mental. Estar em contato com a pluralidade de pessoas e culturas é essencial para o desenvolvimento humano e social. Assim, a entrevistada finaliza: "Não estamos falando de aceitar, isso não importa na verdade. O que importa são as condições de sobrevivência de vida desse indivíduo na sociedade”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário