Hamilton: entre História e Arte

Por Isabelle Alves

Imagem de divulgação do musical Hamilton. Disponível em: https://disneyplusoriginals.disney.com/movie/hamilton.

    No dia 4 de julho de 1776, os Estados Unidos da América declaravam independência, desvinculando-se da Inglaterra e tornando-se a primeira nação independente do continente, servindo de inspiração e estímulo para outros países lutarem por essa conquista, dentre eles o Brasil. Alguns dos principais eventos que precederam e sucederam esse marco da história estadunidense podem ser conferidos em Hamilton, famoso musical da Broadway, disponível no Disney+ – que será o viés para refletir sobre essa data.
    Essa obra conta a história de Alexander Hamilton (interpretado por Lin Manuel-Miranda), um órfão imigrante que vem para Nova Iorque no intuito de firmar o seu legado. Já na segunda música, Hamilton conhece Aaron Burr (Leslie Odom Jr.), o qual foi apresentado na música anterior como “o tolo que atirou nele”. Sequencialmente, Hamilton conhece três de seus companheiros de guerra: John Laurens (Anthony Ramos), Marquis de Lafayette (Daveed Diggs) e Hercules Mulligan (Okieriete Onaodowan).
    Contextualizadas as principais personagens, Samuel Seabury (Thayne Jasperson), um bispo legalista, entra em um dueto conflituoso com Hamilton, no qual se refere às cartas trocadas por ambos, estando o primeiro (Samuel) sob o pseudônimo de “AW Farmer” (um fazendeiro de Westchester). Após a “batalha”, o rei George III (Jonathan Groff) aparece para cantar sobre a Festa do Chá de 1773, em que os colonos ingleses protestaram pelas altas taxas impostas no chá britânico e lançaram 45 toneladas de chá ao mar.
    George Washington (Christopher Jackson) aparece, então, perante “32 mil soldados no porto de New York”, para reclamar que trabalha com um terço do que o Congresso prometeu e para pedir que Hamilton seja seu “braço direito”. Assim, Hamilton narra seus feitos no início da Guerra Revolucionária Americana como parte do Exército Continental – exército das Treze Colônias comandado pelo General Washington.
    Ocorre uma pausa na guerra para que seja narrado o romance entre Hamilton e Eliza Schuyler (Phillipa Soo), e o consequente afastamento de Hamilton pela gravidez de sua então esposa (Eliza). Entretanto, a Batalha de Monmouth continua a acontecer em meio a tudo. Assim, Lafayette assume a liderança do Exército Continental, unindo a França – seu país – à luta, e Hamilton é chamado de volta para que o plano de ganhar a guerra em Yorktown seja efetuado com sucesso.
    É na última grande batalha de Yorktown, em 1781, que os ingleses se rendem e reconhecem a independência dos Estados Unidos. As músicas restantes acompanham o país em seus primeiros passos livres: elege-se Washington como presidente, seguido de John Adams e Thomas Jefferson até James Maddison; iniciam-se disputas de poder entre Hamilton e Jefferson quanto à localização da capital e ao estabelecimento de um banco nacional; Hamilton torna-se advogado e defende a ratificação da Constituição dos Estados Unidos. 
    Em sua vida privada, Hamilton trai sua esposa com Maria Reynolds (Jasmine Cephas Jones), perde seu filho em um duelo e mancha sua honra com as acusações de corrupção e desvio de dinheiro, as quais silencia com a publicação da verdade sobre seu caso com Maria.  Até que, nas eleições de 1800, o apoio de Hamilton a Jefferson leva à derrota de Burr, quem alimentou uma rivalidade com Hamilton ao longo dos anos, o que causou o famoso duelo Burr-Hamilton, em que Hamilton morre.
    Assim, o musical retrata a trajetória de Hamilton, na tentativa de imortalizar a história do esquecido fundador da “América”. Com essa narratividade, registra, consequentemente, a história da independência dos Estados Unidos, trazendo personagens e acontecimentos históricos em suas músicas. Uma excelente produção, que preza pela musicalidade e veracidade, e foi escolhida para acompanhar essa data marcante na história mundial.

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