Por Daniela Nery
Disponível em: https://revista.abrale.org.br/wp-content/uploads/2019/06/depress%C3%A3o-1.jpg
Hoje faz seis meses que assumi novamente o controle da minha
vida. Resistir foi algo que me manteve em pé durante o tempo em que minha
esperança já havia caído, foi o que me restou enquanto sentia a minha perda
lenta e dolorosa.
A solidão se instalou em meu
coração, mesmo estando perto de amigos e da família. Um sentimento de angústia
passou a crescer e a ganhar cada vez mais força sobre mim, principalmente
quando não atendia às minhas próprias expectativas e às das pessoas ao meu
redor, quando sentia culpa por estar nessa situação agoniante, quando o vazio
em mim falava tão alto que não valia mais a pena estar aqui.
Tudo fervia dentro de mim. Não
conseguia dormir e não queria incomodar as pessoas, por me sentir um fardo já
muito pesado em suas vidas. Cansei de demonstrar que estava bem todos os dias,
simplesmente não consegui mais. Nada me fazia ter o sentimento de realização.
Eu não conseguia me encaixar, nem mesmo na minha casa, que ainda era o único
lugar em que eu tinha paz e serenidade.
Os dias se tornaram automáticos e
as noites impiedosas. Tudo era preto, sem vida e vazio. Já não encontrava, em
mim, forças para resistir à terrível sensação de não querer mais ficar por
aqui. Foi nesse mesmo dia, há seis meses, que uma fala crucial – numa madrugada
de desespero e de dor, em que não resisti à solidão e liguei para algumas
pessoas – conseguiu me fazer ter novamente um pouco de esperança... Naquele
momento entendi que eu só tinha duas opções: continuar caindo em vida, com toda
a minha solidão, ou tentar me reerguer – um pouco a cada dia, um passo de cada
vez – e lutar por mim, retomar minha vida e meus sonhos.
Algo me tocou profundamente
naquele momento. Depois daquela madrugada quase trágica, consegui começar a
retomar a minha vida... como me disseram: um passo de cada vez. Hoje eu sei que
quero estar aqui, quero viver, mas não quero a dor. Estou em um constante
processo de aprendizagem em relação à minha vida – que, agora, não tem mais um
dia certo para acabar. Descobri que vivo em uma montanha russa e que, às vezes,
estou mais embaixo do que gostaria, mas eu não posso parar por lá.
Estou me agarrando em uma força
que sempre esteve em mim, mas que um dia eu parei de enxergar. Quero sempre
manter ao meu lado as pessoas especiais que chegaram em minha vida e que
conseguiram ver minha luz, mesmo quando pra mim tudo era escuridão. E quem
sabe, um dia, eu também poderei ajudar outras pessoas a retomarem seu brilho e
sua caminhada.
Essa é parte da minha história e de mim. Quero continuar escrevendo-a, cada vez mais presente, vivendo o que posso, no aqui e no agora. E hoje, assim como Belchior e Emicida cantaram, eu posso dizer: "ano passado eu morri mas esse ano eu não morro"!
Um
ser que renasce.
Que sensibilidade para tratar do #setembroamarelo. Parabéns pelo texto! Que possa ser a fala crucial para despertar a própria força de muitos corações.
ResponderExcluirAmei o texto, muito reflexivo.
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