Carta Aberta aos Esebianos

 Camilla Stefany e Lavínnia Mota

Eseba, 14 de janeiro de 2022.


Ooi! 

Que ano foi 2021, não?! 

Quem diria que seríamos a segunda turma do nono ano da Eseba em uma pandemia? Quem diria que viveríamos uma pandemia? Se me contassem, eu juraria que se tratava de um filme de ficção científica. 

E agora, José? 

Se alguém já entendeu todo o rolê desses dois anos, por favor, PELOAMORDEDEUS, conta aí!

Mas, enfim, chegou o momento do nosso último passo na Eseba. Chegamos ao final de mais um ciclo e espero que o ensino médio esteja pronto para nos receber; porque tenho certeza que estamos para ele! 

Nessa caminhada de Eseba, que para mim começa no primeiro período, mas para outros começa no 1º ano ou, ainda, para alguns no próprio 9º ano, é impossível esquecer de todos e todas que nos acompanharam: toda a equipe da escola, estagiários e estagiárias, o pessoal da lanchonete de frente à portaria, os vizinhos da Eseba, a equipe do Museu do Índio, os nossos colegas da graduação que estudaram e estudam no Campus da Educação Física … nossa…tantas pessoas, tantas histórias, tantas relações, tantos lugares. Podemos dizer que o shopping é nosso? kkk

Preciso dizer a vocês: muito obrigada! Fazem parte de um filme, de um passado que se faz presente todas as vezes que sentimos a Eseba. Sim, sentimos, pois é assim que vivemos nesta escola… sentindo… expressando… aprendendo… apropriando… conectando… significando.

Nesse reconhecimento, nossas famílias também possuem protagonismo, pois se envolveram nas relações escolares. Amigos são irmãos, irmãos são amigos dos nossos amigos, nossos pais, mães e responsáveis são parceiros e contribuíram tanto quanto nossos professores para que nossos passos - nesse paradoxo cotidiano de querer tanto e não aguentar mais ir para a escola - fossem fortes e contínuos rumo às nossas conquistas. Por isso, muito obrigada!

Mas, agora, preciso direcionar as luzes para as salas que ficam no subsolo, do lado para a quadra… um lugar que, neste ano, seria nosso troféu de encerramento! Estar no mesmo lugar em que todos os outros, que já fecharam este ciclo, também estiveram. 

Agora é o momento de eu falar com vocês, amigos do nono ano 2021.

Não consigo expressar, com palavras, o quanto vocês são um marco gigante em minha vida (eu deveria tentar na “Língua do P”?). Desde o primórdio: irmãos de outros pais, nos moldamos juntos, crescemos juntos. E agora seguiremos caminhos próprios - nossa própria versão dos tijolinhos amarelos. Pensar que não teremos mais a oportunidade de conviver cotidianamente, ter uma rotina em conjunto e nos relacionarmos (em sala e fora dela) me entristece. Se a Eseba foi tão especial, em boa parte, foi por vocês, foi por nós!  Nossos dias infinitos: ducha e parquinho de areia, brinquedoteca, cabelo maluco, Jogin, Caminhada com a família e piquenique. O dia do brinquedo e as excursões, também. Quantos dias brincamos, aprendemos e convivemos, como se não houvesse amanhã, mas sempre contando com o dia seguinte… pensando que nunca iria acabar…

Adoro nosso sentido de unidade: esebianos até o fim. Nunca acreditamos na nossa vez de sermos o nono ano: lenda urbana, tal qual a loira do banheiro. Entretanto, cá estamos, finalmente, os mais velhos da vez!

Aos que estão aqui há muito tempo, aos chegados há pouco e aos recém-chegados: meus colegas e amigos, uma das maiores lástimas que nos acometeram foi não termos tido a oportunidade de sermos um grupo presencialmente. E, mesmo assim, somos um conjunto (contínuo, espantoso, verdadeiro). 

Nosso tempo juntos foi fantástico, passamos por momentos felizes e pelo antônimo disso também. Vivemos uma vida - boa parte dela grudados e agrupados - e seguiremos com as marcas dessas experiências. Tempos que não voltam mais, mas que serão visitados repetidamente - memória que fica, que não vai embora. Obrigada, obrigada e obrigada! 

Mas também, como os estudantes mais velhos, é preciso indicar aos mais novos - aos pequenos que estão entrando na escola - vocês que estão conhecendo e que vão conhecer a escola. Amigos novos, professores, brincadeiras, tarefas, lanches… O que vocês esperam das coisas que estão por vir? Você cresce, conhece outros amigos, outros professores, aprende novas coisas. 

Neste ano nós estamos deixando a escola, e mesmo sendo bom crescer e aproveitar tudo, o que queremos agora é voltar para onde vocês estão, voltar a fazer as coisas que vocês estão fazendo. 

Estamos com saudade, porque, na sua idade, nós queríamos crescer, ir pro primeiro, terceiro, quinto ano; mas agora, sabemos que nessa idade o certo é aproveitar, aproveitar tudo e não ficar pensando no que virá, mas sim no que já está aqui.

A única coisa certa é que vocês nunca estarão sozinhos, têm os amigos, professores, funcionários e nos têm, nós que estamos aqui terminando essa parte da vida.

Mas quem somos nós? Nós somos aqueles das fotos que vocês irão encontrar na cantina. E, um dia, vocês estarão ao nosso lado. Vocês estarão na lembrança de todos, porque a Eseba é algo que não dá pra esquecer. 

Nós acreditamos em vocês: o futuro do nosso colégio. 



E, por acreditarmos nesse movimento que se renova a cada nova turma que entra e se distancia (porque é impossível sair da memória), temos a certeza de que não estamos tristes. Estamos com saudades. Saudades não pelo que fica, mas pelo que levamos conosco. 



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