Cidade do Sol - Khaled Hosseini

Khaled Hosseini nasceu em Cabul, no Afeganistão. Seu pai era diplomata, e quando ele tinha 11 anos a família se mudou para a França. Quatro anos mais tarde, acabou se mudando com a família para os Estados Unidos, onde mora até hoje com a mulher e dois filhos. Ele é formado em Biologia pela Santa Clara University e em Medicina pela University of California, San Diego, School of Medicine. 

Seu primeiro livro, O Caçador de Pipas, publicado em 2003, já na estreia se tornou um bestseller mundial em mais de setenta países, e ficou por mais de 100 semanas na lista de bestsellers do New York Times. Cidade do Sol, seu segundo livro, estreou já em primeiro lugar na lista de bestsellers do New York Times, e por lá permaneceu na mesma posição por quize semanas, e por mais de um ano manteve seu lugar na tão concorrida lista.

Hosseini não retornou ao Afeganistão até 2003, com 38 anos de idade. Em entrevista à revista Época em 2013, Hosseini conta como se sentiu ao visitar seu país de origem depois de tanto tempo, viagem que o inspirou a escrever Cidade do Sol:

“Eu dirigia em Cabul, em 2007, e vi comunidades em que as pessoas viviam nas ruas. A situação dos refugiados era desesperadora, e fiquei comovido. Quando entrei no avião para voltar aos Estados Unidos, percebi que me esqueceria logo daquilo. Em poucos dias, aquela memória não seria mais tão chocante. Conversei sobre isso com minha mulher quando cheguei em casa, e surgiu a ideia de fazer algo por essas pessoas, muito parecidas com os personagens de meus livros. Tive muita sorte em minha vida.”


O livro começa narrando a vida de Mariam, que vive com sua mãe, as duas isoladas da sociedade em uma vila. Mariam é jovem e tudo o que anseia são as visitas do seu pai com presentes. A garota mantém uma ilusão de que se se mudasse para a casa de seu pai, tudo seria diferente, teria sempre comida e água garantida e seria muito amada por seu pai. Acontece que ao fugir de casa para encontrá-lo na cidade, não é bem recebida pelas esposas e filhos de seu pai por ser uma harami, fruto de um relacionamento não oficializado entre seu pai e sua mãe, na época empregada da casa. Quando volta para a pequena cabana onde morava, encontra sua mãe morta. Ao contrário do que pensava, seu pai trata de se livrar dela o mais rápido que pode, e Mariam com seus 15 anos se casa com um sapateiro 30 anos mais velho.

Mariam na verdade, nada mais é do que empregada de seu marido, que só reclama de tudo o que a menina faz para tentar agradá-lo e evitar os frequentes maus tratos do marido. Quando ela engravida, seu marido começa a tratá-la melhor, porém Mariam, sempre vítima de um destino cruel, acaba abortando. 

Na mesma rua, vive também Laila, com seus 14 anos, em uma realidade totalmente diferente, com
mil e uma oportunidades. O pai de Laila é um professor liberal e permite que ela estude, e a incentiva a correr atrás de uma profissão e a fugia da realidade que aprisiona as mulheres afegãs. Acontece que Laila acaba descobrindo o quão cruel o destino pode ser com os nossos sonhos, e a guerra é uma das principais armas utilizadas por ele. A amizade inocente que nutria por Tariq, seu amigo de infância, acaba se tornando uma forte paixão que irá trazer esperança aos dois enquanto tudo ao redor desmorona. Mas a guerra não faz desmoronar somente o que está ao redor, uma hora ou outra ela acaba os atingindo também.

E é no desespero da perda, revolta e desesperança que as vidas de Laila e Mariam se cruzam, duas almas que sofrem separadas e são obrigadas a carregar um fardo ainda maior na luta para sobreviverem, a partir dali, juntas.

Narrada na terceira pessoa, a história é capaz de nos envolver de uma maneira tal que, sem perceber, o leitor começa a sentir o calor dos mil sóis esplêndidos que, indiferente aos conflitos na Cidade do Sol, brilham com toda sua força. Ele entra no jogo e, mesmo que não queira criar esperança, ela já está lá, só pra depois ser decepcionada, logo vem a revolta de ter acreditado que poderia ter dado certo. Mas quando surge essa resistência em acreditar que histórias tocantes como essa realmente podem existir e dar certo, os personagens o puxam pro jogo de novo. Uma história forte e pesada, mas ao mesmo tempo comovente - e que ironica e inexplicavelmente ainda consegue ser linda, como a realidade.

Personagens fortes, determinados, que no fundo tudo o que querem é ser amados, valorizados, vistos como pessoas de verdade, personagens que nos fazem questionar cada definição, cada concepção que temos ao nos deparamos com realidades e culturas tão diferentes, e acima de tudo, o que realmente na nossa vida deve ser valorizado.

Livro pra quem gosta de um bom drama, que em cada frase irá arrancar os mais variados sentimentos e reflexões.

Por: Isabella Damasceno

2 comentários:

  1. Nossa! Fiquei emocionada só em ler essa resenha. Parece ser mesmo uma história muito forte e realista. Vou ler. Obrigada por compartilhar. Beijo de sua eterna admiradora. rs

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    1. Muito obrigadaa! Fico muito feliz que tenha gostado! Sua opinião pra mim é realmente muito importante, tenho certeza que é o tipo de livro que a senhora amaria. Bjão da sua maior fã =P

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