Vencedor de mais de 10 prêmios, entre eles: Abraham Lincoln Award Nominee (2012) e Goodreads Choice Nominee for Young Adult Fiction (2009) e Indie Choice Award de 2010, Se eu ficar é uma das novas febres adolescentes. Apesar de o livro ter sido lançado em outros países a algum tempo, o tão comentado livro só chegou esse ano ao Brasil, através da editora Novo Conceito.
A autora, Gayle Forman, nasceu em Los Angeles em 1970 e hoje em dia mora em Nova York. Seu primeiro livro surgiu de uma viagem ao redor do mundo em 2002, com seu marido, Nick. No livro, (You Can’t Get There From Here), ela conta suas experiênciascomo num diário de bordo. Depois desse, a autora publicou mais um livro baseado em um artigo que ela escreveu na época em que trabalhava como jornalista para a revista Seventeen, (Sisters In Sanity), e uma trilogia (Just One Day; Just One Year; Just One Night), além de claro, Se Eu Ficar. Todos eles receberam premiações.
No livro é contada a história de Mia, uma adolescente de 17 anos, que diferentemente da maioria das pessoas com quem convive, é apaixonada por música clássica. Ela é inclusive uma musicista de primeira, toca violoncelo desde muito nova, e está prestes a entrar em uma renomada universidade de música dos Estados Unidos. Porém, sua vida vira do avesso quando um dia ela e sua família saem para visitar alguns amigos e acabam sofrendo um acidente fatal. Tudo o que se lembra é de ver os corpos já sem vida de seus pais estirados na estrada, e quando acha que encontrou o de seu irmão menor...se dá conta que se trata na verdade de seu próprio corpo. Mia não entende o que está acontecendo, naturalmente, e enquanto seu corpo em coma é levado para o hospital, ela tenta entender qual é exatamente o seu estado – se está morta ou não.
A história é narrada em primeira pessoa no ponto de vista de uma Mia nem morta, nem viva. Os capítulos são curtos, uma mescla de lembranças da Mia enquanto estava viva e a Mia em um estado entre a morte e a vida.
No hospital, a protagonista ao lado de seu corpo enquanto cirurgias, procedimentos, visitas de amigos, familiares e de seu namorado ocorrem, começa a refletir sobre como tem sua vida até o atual acidente e como seria caso ela sobrevivesse sem aqueles que ela mais ama. E é aí que o leitor começa a conhecer a verdadeira Mia. A Mia que se sente insegura diante de um monte de decisões que tem que tomar. Ir para a tão sonhada faculdade ou ficar com o namorado que a ama de verdade? E o pior: morrer, ou viver?
Mia descobre que sua vida está em suas mãos quando começa a ter sentimentos de tristeza ao pensar em sobreviver sem sua família e começa, até mesmo, a querer morrer logo. Com isso, o seu corpo físico começa a ter reações imediatas, uma hemorragia interna surge e os médicos são obrigados a leva-la para cirurgia novamente. É então que ela compreende que só depende dela querer, para voltar do coma, ou morrer de vez.
Desde muito novinha, ela sempre se sentiu um peixinho fora d’água em meio a familiares tão excêntricos. Seu pai, até a chegada de seu irmão mais novo, participava de uma banda de Punk Rock e tinha um estilo próprio. Todo o resto da família, inclusive Teddy, o irmão 10 anos mais novo, parece ter uma inclinação para a “barulheira”. E o mais contraditório é que seu primeiro e atual namorado, Adam, também tem uma banda no mesmo estilo. Apesar das diferenças tão gritantes entre eles, Mia admite não saber se é capaz de levar uma vida sem tantos deles nela.
Enquanto os familiares já mortos pesam de um lado na lembrança da Mia viva, o presente da Mia em coma também. Enquanto está no quarto de hospital ao lado de seu corpo, ela vê seu avô chorando pela primeira vez, vê o desespero da sua fiel melhor amiga por tentar segurar as lágrimas. Vê o namorado desistir de um show com uma importante cantora para tocar no hospital e criar uma confusão a fim de poder entrar no seu quarto sem ser visto. Seria ela capaz de abandonar todos eles?
Foto: Meninices da Vida |
Na minha opinião, a forma como a escritora narrou a história foi realmente muito inteligente. As mudanças entre lembrança e presente nos capítulos ajudam o leitor a compreender os dilemas de Mia de uma forma indireta, levando-o a sentir o que a protagonista sente. Há quem diga que tanto vai e volta, no fim, fica um pouco entediante, e realmente, no fim estava cansada de tanto dilema e indecisão. Mas até a própria Mia fica cansada de tanto pensar, refletir e desgaste psicológico. Então, eu acho, que mais uma vez a escritora estava colocando o leitor na pele de Mia, que não aguentava mais aquele tanto de lembranças boas e felizes que jamais iriam existir novamente e tantas pessoas vivas que realmente estavam sofrendo com sua possível partida. Outros ainda dizem que o livro é confuso, tanto vai e volta que quando terminam não chegam nem mesmo dizer se gostaram ou não do livro. Mas, uma coisa admitem, apesar da história parecer confusa, a autora consegue ser tocante durante toda e história e consegue emocionar o leitor. Quanto à parte de o livro ser confuso, pra mim, se trata de entender o que a autora queria trazer ao leitor com sua narração. A partir do momento que “saquei” como funcionava a divisão passado/presente nos capítulos, e aos poucos fui absorvendo o que aquela escolha significava, a leitura se tornou super envolvente e clara.
Esse tipo de livro é daqueles que dependendo da hora que lê você pode gostar ou não. Exige bastante interpretação, então, sempre haverá grande divergências de opiniões. É um livro Young Adult, ou seja, voltado para pessoas de 15 á 29 anos, mas claro, isso varia de pessoa pra pessoa. Na minha opinião, vai gostar quem curte o bom e velho drama. O romance entre Mia e Adam, no livro, não é o enfoque principal, mas sim os relacionamentos em gerais de Mia. Pra quem gosta do gênero, eu super recomendo, me emocionei bastante, vai exigir bastante concentração no inicio para entender, mas depois vai ficar super facinho de ler, a linguagem inclusive é bem simples.
Mas, Se eu Ficar, não para por aí! A continuação “Pra onde ela se foi” será lançada em outubro no Brasil e já tem gerado grandes expectativas. Não, você não entendeu errado e não, não se trata de uma trilogia. Ao ser perguntada do motivo de não haver um terceiro livro por vários leitores estrangeiros, a autora responde em seu site oficial:
“E se e você já terminou "Pra onde ela se foi", eu tenho que te pedir para se perguntar isso:
Sério? Você realmente quer um terceiro livro?”.
Últimas palavras: OUTUBRO, CHEGA LOGO!
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