Se Eu Ficar: entre a música, o amor e a morte

"Não é incrível como a vida é uma coisa e, então, de repente, se torna outra?”


Se você é do tipo de pessoa que já vai preparada ao cinema com uma caixa de lenços, o filme “Se Eu Ficar” vai te encantar. Cheio de clichês, o melodrama dirigido por R.J. Cutler, baseado no livro de Gayle Forman, gira em torno de Mia Hall (Chloë Moretz), uma garota de 17 anos que, mesmo vivendo em meio a uma família de roqueiros, se apaixonou pela música clássica, como Beethoven, e aprendeu logo cedo a tocar violoncelo. Se considerando como um alienígena em meio à família e aos jovens de sua idade devido ao seu gosto musical, Mia se isola da sociedade e dedica sua vida ao violoncelo, sempre determinada em suas vontades. A protagonista vive assim até que Adam Wilde (Jamie Blackley), um garoto popular que tinha uma banda de rock, descobre seu talento e, antes que percebam, em estilo “amor à primeira vista”, os dois se entregam a um romance digno de cinema, onde a oposição de estilos e personalidades e o amor compartilhado pela música só faz com que todo aquele sentimento pareça mais cativante.

Até então, Mia tinha uma vida perfeita: um talento instrumental incomparável, um namorado perfeito e uma família compreensiva e unida. Mas, certo dia, a família decide viajar de carro para visitar os avós, e o que ocorre é um acidente terrível de trânsito, resultando na morte de seu pai, Denny (Joshua Leonard), de sua mãe, Kat (Mireille Enos) e de seu irmão mais novo, Teddy (Jakob Davies).

Mas Mia permanece ali, em uma experiência quase de morte, meio fantasma e em coma. Então, através de lembranças dos momentos marcantes de sua vida, em flashbacks, ela procura razões e tenta resgatar forças para continuar viva mesmo sem seus familiares, uma vez que cabe somente a ela a decisão mais difícil de sua vida: se vai partir ou se vai ficar.



Enquanto o filme intercala entre o tempo presente e as lembranças, onde Mia reflete sobre a sua vida e se deve permanecer ou não nessa dimensão em que nós estamos inseridos, a maior parte discutida é seu relacionamento com Adam. Acredito que a originalidade encantadora do filme está nisso, pois, mesmo sendo um típico casal adolescente com momentos clichês, o fervor do romance está presente em todo o momento de forma muito envolvente, talvez pela forma como compartilhem da paixão pela música, e é impressionante a relevância e a influência que um possui na vida do outro. Além do mais, o fato de Mia substituir as preocupações com os obstáculos surgidos com os conflitos no namoro por aquelas ao perder toda a família, faz com que compartilhemos a dor e as emoções apresentadas pela garota, e nos coloquemos em sua situação, já que isso não acontece todos os dias com uma adolescente prestes a entrar na faculdade.

Obviamente, o destaque do filme está nas emoções dos personagens. A questão é que, como protagonista de um filme dramático, Chloë Moretz ficou responsável por um papel de imensa relevância, talvez até demais. Mesmo muito carismática, acredito que Jamie Blackley proporcionou a maior emoção no filme, e Chloë deixou esse aspecto a desejar, parecendo superficial e não convincente certas vezes, vendo que a exigência por esse aspecto no filme era imensa. Provavelmente, em um melodrama, Jennifer Lawrence ou até mesmo Amanda Seyfried exerceriam o papel de forma melhor. Chloë Moretz, também comparada à sua idade (17 anos), é uma grande atriz, como mostra no filme Carrie, a Estranha, mas em “Se Eu Ficar” acredito que faltou retirar um pouco mais de sua emoção interior na atuação.

Em compensação, a cena final não poderia ser mais emocionante. Se você tiver segurado as lágrimas durante todo o filme, nessa parte sua “conquista” será em vão. De forma profunda e com cenas marcantes e bem pensadas, “Se Eu Ficar” abrange uma explosão de sentimentos entre a música, o amor e a morte, retratando situações de autoajuda, confiança e determinação, onde uma pequena escolha pode determinar sua existência. “Às vezes você faz escolhas na vida, e as vezes as escolhas é que fazem você.”


Por: Laura Nicoli

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