A peça teatral dirigida por Getúlio Gois, professor de teatro da ESEBA, retrata a complexidade da personalidade única de cada pessoa. Como um teatro contemporâneo, o roteiro sai da estrutura facilmente compreendida de história cronológica, sendo composto por cenas independentes criadas pelos próprios atores - o que, por si só, já expressa suas individualidades.
A personalidade única é identificada também no figurino que, embora padronizado, possui características dos atores, isso porque as camisetas e maquiagens foram projetadas pelos próprios.
O cenário simples e neutro permite o foco nos atores, juntamente com as luzes estrategicamente posicionadas e acionadas e o som ligado ao contexto. Poucos e simples objetos são utilizados nas cenas, que mesmo assim ajudam na composição de todo um contexto.
O enredo é composto por sete cenas. A primeira foi uma composição com os corpos com o intuito de expressar as identidades. Nesta cena os atores fazem um jogo com as cadeiras e palavras, contam sobre sua personalidade e a representam com suas ações.
A segunda cena retrata uma pressão comum na sociedade atual relacionada ao trabalho. Nesta cena, um ator é pressionado por dois personagens e se preocupa com um compromisso e com seu sucesso em sua carreira.
A terceira esquete pode retratar suicídio, abuso infantil e/ou perda da infância. Neste quadro uma personagem alegre é interrompida em sua brincadeira com uma avião de papel por outros personagens. Estes acabam reprimindo-a e forçando-a a fazer algo indesejado.
A quarta cena foi uma dublagem do segundo, dessa vez com o tema racismo. Os atores que não participavam da cena estava dublando-a fazendo uma sátira contra o preconceito com negros.
A quinta cena teve o tema de bulimia. Essa “comilança” foi projetada ao fundo da cena enquanto se tinha uma dança à frente entre duas personagens.
A sexta esquete foi uma sátira à política atual representando um candidato desenformado e propondo a realização do absurdo e do fútil. Essa interpretação reflete na sociedade atual.
Por fim, a sétima cena foi representada por desenhos feitos à partir dos corpos dos personagens e que podem representar sua identidade. Após os desenhos a água veio “lavar” as diferenças e uniformizar tudo.
Num sentido geral o espetáculo pode ser interpretado de diversas formas e nos traz diversas reflexões, deixando em aberto parte de seu enredo para a conclusão dos expectadores. Uma grande interação com o público existe neste espetáculo que recomendo a todos, principalmente aos jovens.
por Igor Cortes
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