Professor, amanhã tem aula?

 Por Eduarda Faria

Feliz dia dos professores. Disponível em: https://www.canva.com/p/templates/EAEpcXKZCCc-feliz-dia-do-professor/.


    Chegou o Dia dos Professores! Daqueles que se tornam algumas das pessoas mais importantes de nossas vidas. É na caminhada com os professores, ao longo dos anos e em diferentes níveis de aprendizagem, que acessamos grande parte dos conhecimentos da nossa vida. E tudo começou beeem lá atrás... brincando, cantando, dançando, conversando... Foram eles que nos ensinaram coisas básicas como “1+2” ou a corrigir uma simples palavra.
    E para registrar esse dia tão especial, fizemos uma entrevista com a professora Ângela Cristina dos Santos. Vamos conhecer a formação da professora. Um currículo e tanto! Licenciatura Plena em Matemática, com habilitação em Física. Especialista em Matemática e Física. Mestre em Educação, na área de História e Historiografia da Educação, com ênfase na história do livro didático.
    Nesta entrevista, a professora Ângela nos mostrou um pouco de sua trajetória em sua carreira. Venha conosco!

1. Conte-nos há quanto tempo você leciona.
Olá. Meu nome é Ângela e, neste ano, eu completei 31 anos como professora na Educação Básica ministrando a disciplina de Matemática. 
2. Durante os anos de atuação como docente, qual era sua maior motivação?
Qual seria minha motivação para continuar nessa profissão? É ver o olho das crianças, dos adolescentes e dos adultos brilharem ao conhecerem as coisas, ao saberem, compreenderem e aprenderem. Isso é muito gratificante. E mais gratificante ainda é saber que, de alguma forma, a gente contribuiu ou está contribuindo para a formação dessas pessoas, com o futuro delas. Então, quando a gente encontra o nosso aluno depois de um tempo e sabe que ele conseguiu progredir, e que a gente teve uma pequena participação na formação dessas conquistas, é muito bom! Nos deixa muito felizes.
3. Por que escolheu a prática de ensinar?
Desde criança sempre pensei e sempre gostei de brincar de escolinha, então acredito que isso acabou me levando para a profissão que assumi. Meus pais me incentivaram muito. Eles não tinham um grau alto de escolaridade, mas davam grande importância à escola. Além disso, eu tinha uma tia que era professora de Matemática e que também me incentivava bastante. Assim, quando foi para fazer a escolha  do meu vestibular e  da minha profissão, não hesitei. Eu queria a licenciatura e assim foi. 
4. Poderia citar uma situação que remonta a um momento de realização profissional?
Em relação às realizações profissionais, é como eu havia falado anteriormente: me motiva saber que consegui chegar aqui - já estou completando 31 e vou para 32 anos de profissão. E mais: saber que, hoje, estou motivada da mesma forma que estava no início. Isso me dá uma sensação de realização, é muito bom. Outra questão é saber que os nossos alunos estão conseguindo alcançar aquilo que desejam e que a gente contribui de alguma forma para isso.
5. Para você, qual a melhor parte de ser professora?
Em relação a “qual é a melhor parte de ser professora”: não sei dizer. Eu sou professora e pronto. Não sei dividir uma coisa da outra: eu amo o que faço e brinco muito assim! E ser professora para mim não é “bico”, fazer alguma coisa que às vezes estaria fazendo por não conseguir outra. Ser professora para mim é tudo, sabe?! Se eu tivesse que voltar lá atrás, no início, sabendo tudo que sei hoje, sabendo de todas as mudanças pelas quais passaria,  tanto profissionais, quanto de qualificação, de tudo, começaria do mesmo jeito, ou seja, escolheria essa profissão e não seria outra. Então, a melhor parte de ser professora é tudo! Até as dificuldades nos dão incentivo e motivação para seguir em frente.
6. Como foi a sua trajetória na Eseba?
Eu trabalhei nas redes estadual, municipal e particular durante quase 20 anos e atuei na Eseba, que é da rede federal, a partir de 2010. Esses 10 anos em que estou na Eseba contribuíram demais para o meu crescimento profissional e pessoal.  As pessoas com as quais convivi sempre acrescentaram à minha vida e, ali, eu cresci em termos de formação, de conhecimento, eu cresci! Posso resumir assim, né?! Eu gostei muito, foi uma parte impagável da minha história, a qual quero levar para o resto da vida.
7. Para você, qual é o papel (real/atual) dos professores na nossa sociedade?
Na sociedade atual, esse papel é fundamental. Não existe uma sociedade sem professor. Apesar de alguns às vezes apelarem falando que não tem necessidade de ser professor, ele é insubstituível. Podem mudar a tecnologia, a formação, mas é o professor que forma  os demais indivíduos da sociedade. Isso eu já acreditava há muito tempo e não mudou na minha concepção: o papel do professor é fundamental e ele é insubstituível. Então, principalmente pelas questões sociais, culturais e políticas que envolvem em particular este momento que nós estamos passando, o professor tem que ter consciência de que é responsável por muita coisa. Ele não é o único - quero deixar claro -, mas é responsável sim pela formação, pela maneira com que os indivíduos podem vir a enxergar a sociedade. E não é só o meu aluno que vai se modificar, eu também sou modificada, porque, à medida que tenho a consciência de que sou importante, começo também a enxergar a mim e à sociedade de uma forma diferente.  Então isso é muito relevante.
8. Comente um pouco sobre o início de sua trajetória como professora.
Comecei minha trajetória pouco depois do fim da ditadura. De lá para cá passei por muitas mudanças, por muitas leis, muitas políticas, vi tudo se transformar. E, nesse período de 30 anos, o meu início foi fundamental, comecei inclusive a dar aula a convite de uma ex-professora minha. Ela era diretora, sabia que eu fazia Matemática, me chamou e, a partir dali, nunca mais quis mudar. Se antes eu já sabia o que queria, a partir daquele momento me apaixonei realmente! Comecei na Escola Estadual Amador Naves, perto da Educação Física, e até hoje tenho amor por aquela escola. Além de ter começado a minha profissão lá, também tive a minha educação básica toda lá - do primeiro ao nono ano (na época era da primeira até a oitava série).
9. A experiência docente modificou de alguma forma sua visão civil e subjetiva da sociedade? Se sim, como?
Se a minha experiência docente mudou a minha visão? Com certeza! E isso aconteceu em cada lugar que passei. Nas escolas estaduais, nas escolas municipais, agora na Eseba, principalmente, fui ampliando a minha visão de mundo, fui tendo um conhecimento abstrato que antes não tinha. Eu tinha uma visão muito “reta” das coisas e de repente vi que essas linhas são “curvas”. Posso falar que o meu ângulo de visão foi ampliado de 30 para 180 graus! E isso se deve muito à minha experiência docente e às trocas que tive com meus colegas. Então, é importante falar que não é só experiência de ensinar, é a da troca também com os colegas,  das discussões que temos, das reflexões, que contribuíram de forma contundente para que eu tivesse uma visão diferente. A Ângela que começou há 31 anos não é a mesma que agora  está quase finalizando a carreira. Nós somos diferentes. E isso é muito bom, muito enriquecedor. Inclusive falo que gostaria de ter tido a visão e a experiência que tenho hoje há 30 anos, porque eu poderia ter contribuído ainda mais com o mundo de alguma forma, com meus alunos, colegas e com a minha família.
    Com essa entrevista, vemos mais um exemplo de que ser professor não é uma tarefa fácil, mas que é muito encantadora e apaixonante para várias pessoas. A todos vocês, professores, expressamos nosso respeito, nossa gratidão e admiração!

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