O negro e seu reconhecimento

Em um país como o Brasil onde os negros são mais da metade da população e com diversos padrões impostos pela sociedade, padrões estes que não condizem com a realidade dos negros, torna-se difícil o próprio reconhecimento, sendo o colorismo o fator maior para que isso aconteça. Envolve-se também o sistema educacional que torna tardio o reconhecimento próprio. 

No território escolar, é possível perceber que negros são excluídos indiretamente e, muitas vezes, são alvos de chacota simplesmente por terem traços "fora do padrão". O colorismo é um termo utilizado no movimento negro que tem como conceito básico a tonalidade da pele do indivíduo. Sendo ela mais escura, o preconceito racial é mais forte para negros mais pigmentados. Isso faz com que o reconhecimento da cor da pele para os negros mais claros seja tardio, pois sempre foram taxados como pessoas “não tão negras”. O não reconhecimento faz com que negros menos pigmentados não saibam como se posicionar na sociedade, pelo fato de não terem passado por situações racistas explícitas para que afirmem a negritude. 

É obrigatoriedade do ensino abordar a História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, segundo a lei nº10.639/03, o que não ocorre. O fato de não abordarem esses temas nas escolas faz com que crianças negras e adolescentes negros não saibam de suas origens. Brancos sempre souberam de onde vieram, de suas descendências, mas os negros pouco sabem, pelo simples fato de suas culturas e sua história serem apagadas no âmbito escolar. Não ensinam aos alunos sobre o início da cultura afro no Brasil, apenas apontam que negros em toda a história do país foram seres inferiores aos brancos e não abordam o fato desse rebaixamento estar presente ainda na sociedade, escondem a realidade que as opressões foram apenas atualizadas, ou seja, trocadas de nome. A senzala, por exemplo, virou favela. Os capitães do mato viraram polícia. A casa grande, o governo. E por aí vai. 

Seria então, erro dos negros não se conhecerem? Seria então culpa do sistema educacional no Brasil? Seria então, as escolas fora da lei? Brasil, um país de todos: será mesmo?

Por Betânia Evangelista

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