Ficção x Realidade: quando os dois cenários se encontram




                                                                                                                                   Por Isabelle Alves



Imagem disponível em: <https://pixabay.com/pt/photos/coronav%C3%ADrus-v%C3%ADrus-paciente-mascarar-5064348/>. Acesso em 06/05/20

            Recentemente, havia, no Brasil, 474 mortes como maior número de óbitos em 24 horas por Covid-19. Este número subiu para 600, deixando o país atrás apenas de EUA, Reino Unido e Itália. Além disso, o número de casos confirmados passou para pouco mais de 114 mil. Para que os números não cresçam, é necessário que todos sigam as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) que indica lavar as mãos regularmente, manter pelo menos 1 metro de distância das pessoas, evitar tocar o próprio rosto e o isolamento social, se possível.
           O isolamento social é uma medida tomada no intuito de retardar a transmissão do vírus, pois assim evita-se multidões, e as chances de contágio diminuem. Diante dessa medida sugerida, com o intuito de aproveitar bem o tempo, foram separados, pois, alguns livros e filmes que se relacionam de alguma forma com o cenário atual, para que você possa refletir sobre o momento ou apenas se divertir.
            O texto sobre quarentena do jornal trouxe que, durante a peste bubônica, uma aldeia inglesa chamada Eyam teve seu povo exposto à doença e precisou ser colocada em quarentena. O livro Um ano de milagres, de Geraldine Brooks, traz esta história sob forma de um romance, contado do ponto de vista de uma personagem. Ainda sobre o surto da peste bubônica, temos Um diário do ano da peste, de Daniel Defoe.
            Duas obras que também se tornaram filmes e que apresentam surtos doentios são as ficções Ensaio sobre a Cegueira e A máscara da morte rubra. O primeiro, do escritor português José Saramago, traz uma doença que deixa as pessoas subitamente cegas, com reflexões sobre a responsabilidade com o próximo. O segundo, do renomado Edgar Allan Poe, é um conto de terror sobre confinamento e loucura, em que uma “morte rubra” devasta a região e o príncipe Próspero prende mil amigos consigo por meses, fazendo um baile de máscaras no ápice do surto, recebendo um misterioso intruso.
            Com todos os recentes ocorridos, o livro The eyes of darkness ganhou a fama de ter previsto a pandemia. O livro de 1981 começou a circular com páginas escritas “Wuhan-400” e profetizando o ano de 2020. A edição com o ano 2020, no entanto, é de um livro completamente diferente (End of Days, de Sylvia Browne), e a edição original traz Gorki-400, ao invés da cidade Wuhan, origem do vírus. Ainda assim, é uma boa obra para deleitar-se.
            O famoso escritor Stephen King postou, em suas redes sociais, uma nota sobre sua obra A dança da morte, dizendo que o novo coronavírus “não é nem de longe tão sério” quanto a doença tratada em seu livro. O autor continua, dizendo que “é eminentemente possível sobreviver. Mantenham-se calmos e tomem todas as precauções necessárias”. Sua obra pós-apocalíptica trata de um vírus liberado erroneamente, matando 99% da população e dividindo os sobreviventes entre o Bem e o Mal.
            Uma escritora chinesa de nome Marie Lu é autora de duas excelentes séries com cenários de epidemia. Em Legend, a população é constantemente colocada em quarentena devido às pragas que assolam a atual América do Norte. Sua outra série, Jovens de Elite, traz a epidemia como cenário principal. A protagonista é uma sobrevivente da doença que causou sequelas variadas, de olhos claros para poderes sobrenaturais. O e-book de Jovens de Elite está grátis na Amazon, vale a pena conferir!
            E, ainda sobre doenças que deixam sequelas, uma HQ: Black Hole é um terror existencialista de Charles Burns, em preto e branco, que acompanha uma praga inominável no extremo noroeste dos Estados Unidos, na década de 1970. As consequências da praga são manchas na pele, rabos ou transformações que apagam qualquer vestígio do que a pessoa já foi um dia. A história em quadrinhos acompanha seus protagonistas em seus exílios para os arredores da região.
            O filme Contágio foi muito comentado atualmente, trazendo várias histórias que se entrelaçam em meio a uma pandemia. Outros filmes trazem um cenário semelhante, como Epidemia, sobre uma doença trazida por um macaco contrabandeado e A gripe, que envolve um vírus transmitido pelo ar e que mata em 36 horas. O filme REC ganhou, inclusive, três continuações e um jogo, apresentando uma repórter e um cinegrafista acompanhando os bombeiros até uma senhora, que se mostra ao longo da trama portadora de uma doença transmissível.
            Outros dois filmes são Sentidos do amor e Os doze macacos, com enredos mais distintos. O primeiro é uma história de amor em meio a uma pandemia, em que uma doença faz-se perder os sentidos; já o segundo envolve viagem no tempo, com um cenário pós-apocalipse em que cientistas procuram voltar no tempo e entender melhor o vírus destruidor.
            São todas excelentes obras, com pandemias e apocalipses. O dito por Stephen King se encaixa em todos os demais: são filmes e livros fictícios, que trazem enredos absurdos – foi deixado de lado inclusive os que envolvem zumbis, como Eu sou a Lenda e Guerra Mundial Z. A Covid-19 não é uma “gripezinha”, mas também não é o fim do mundo. Se seguirmos as orientações da OMS, tudo “voltará ao normal”.
            E, digo em aspas, pois é disso que trata nossa última recomendação: O amanhã não está à venda. Esta não é uma obra ficcional, mas um relato de um indígena no cenário atual. O livro está disponibilizado gratuitamente na Amazon e possui poucas páginas – segundo a plataforma Kindle, o tempo típico de leitura é de menos de 30 minutos. Como finalização, deixo aqui um trecho da obra de Ailton Krenak:
            “Faz um tempo que nós da aldeia Krenak já estávamos de luto pelo nosso rio Doce. Não imaginava que o mundo nos traria esse outro luto. Está todo mundo parado. Quando engenheiros me disseram que iriam usar a tecnologia para recuperar o rio Doce, perguntaram a minha opinião. Eu respondi: ‘A minha sugestão é muito difícil de colocar em prática. Pois teríamos de parar todas as atividades humanas que incidem sobre o corpo do rio, a cem quilômetros nas margens direita e esquerda, até que ele voltasse a ter vida’. Então um deles me disse: ‘Mas isso é impossível’. O mundo não pode parar. E o mundo parou”.
           

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