Machado de Assis, renomado escritor brasileiro, em 1897, fundava a Academia Brasileira de Letras (ABL), inaugurada com o intuito de preservar a memória do idioma e da literatura brasileira.
Escritores e personalidades relevantes têm cadeiras na Academia Brasileira de Letras (ABL). As cadeiras têm patronos que são personalidades importantes na ABL. Álvares de Azevedo, escritor brasileiro, é patrono da segunda cadeira.
Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em 1831 na cidade de São Paulo. Aluno brilhante, ele era alvo de elogios constantes. Cursou Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, onde passou por sociedades secretas (Sociedade Epicureia), traduziu livros, fundou revistas e escreveu poesias. Infelizmente, morreu aos 20 anos idade, com tuberculose e por complicações após uma cirurgia.
Mesmo não estando vivo na data de fundação da ABL,
Álvares de Azevedo foi indicado por um dos fundadores da academia, Coelho Neto,
para ser patrono de uma cadeira da academia. Isso porque a produção literária
do escritor foi de extrema importância para a nossa literatura.
Em vida, Álvares de Azevedo foi leitor de grandes nomes da literatura inglesa, alemã e francesa, tais como: Lorde Byron, Edgar Allan Poe, E.T.A Hoffman, entre outros autores famosos. Ainda se faz importante mencionar que o autor apresentou aos amigos da faculdade grandes obras do exterior, e, inclusive, foi responsável por traduzir algumas delas. A novela “Uma noite na taverna” sofreu forte influência de outros autores que Álvares de Azevedo admirava.
Devido às leituras de Álvares de Azevedo, o seu modo de escrever podia ser caracterizado como ultrarromântico, “byroniana”, em razão de Lord Byron, ou, ainda, como a segunda geração, com o lirismo derramado, chamada de “mal do século”. O ultrarromantismo ou 2° geração do romantismo foi um movimento literário da segunda metade do século XIX. Assim sendo, um movimento literário pode ser entendido como o conjunto de todos os acontecimentos históricos da literatura de determinada época. Os textos do ultrarromantismo e, consequentemente, de Azevedo são caracterizados pela escrita sentimental, egocêntrica, pessimista, sofrida. Também era possível perceber o tédio, obsessão pela morte, desilusão e a tristeza.
Na novela Uma noite na taverna os traços do ultrarromantismo se tornam perceptíveis. É narrado ao leitor a história de cinco amigos bebendo em uma taverna e que decidem então contar uns aos outros histórias de terror.
Temas como assassinato, necrofilia, incesto, traição, aborto e morte são abordados na novela de Azevedo. A melancolia dos personagens e a obsessão pela morte nos relatos dos cinco amigos caracterizam a obra como ultrarromântica.
No mais, a obra apresenta surpresas ao longo do enredo para um leitor que lê o gênero pela primeira vez e não espera as rimas poéticas, as muitas referências interessantes a filósofos e escritores que são apresentadas ao longo do texto.
Infelizmente, como já foi mencionado, Álvares de Azevedo se foi aos 20 anos. Felizmente, deixou algumas obras para serem apreciadas pelos seus leitores. Embora tenha morrido cedo, seus anos em vida foram o suficiente para deixar o seu legado: um escritor brasileiro responsável por trazer as principais influências góticas e ultrarromânticas da literatura produzida no exterior, além de ser um expoente na narrativa de horror da produção ficcional brasileira.
REFERÊNCIAS:
SILVA, Débora.
Ultrarromantismo. Estudo prático, 2015.
Disponível em: https://www.estudopratico.com.br/ultrarromantismo-caracteristicas-alvares-de-azevedo-e-cassimiro-de-abreu/.
Acesso em: 17 jun. de 2020.
SOUZA, Warley. Álvares de
Azevedo: vida, características, obras. Mundo educação. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/alvares-azevedopoeta-ultrarromantico.htm#:~:text=As%20obras%20do%20escritor%20%C3%81lvares,Evas%C3%A3o%20na%20morte.
Acesso em: 17 jun. de 2020.
LUBRANO, Isabella. NOITE
NA TAVERNA, ÁLVARES DE AZEVEDO (#238). 2019. (20m13s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lslG9wf2LFI.
Acesso em: 17 jun. de 2020.
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