Indicações de Literatura Negra

Por Isabelle Alves

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Fonte: https://www.agendartecultura.com.br/noticias/lendo-mulheres-negras-mulheres-negras-e-literatura-o-foco-e-elas/

    Literatura negra é, como o nome entrega, uma ramificação da literatura que traz textos de autoria negra, geralmente envolvendo temáticas raciais. A solidificação do termo se teve no início do século XX, com manifestações diversas, dentre elas, o Renascimento do Harlem nos EUA e o Movimento de Negritude em algumas ilhas do Caribe, sempre tratando do orgulho racial.

    Machado de Assis faz parte da literatura negra brasileira, por mais que durante muito tempo esse fato não fosse de conhecimento popular. A campanha “Machado de Assis Real”, realizada em 2019 pela faculdade Zumbi de Palmares, procurara corrigir o erro e encorajar novos escritores negros com a divulgação de uma foto colorida do autor, “para que todas as gerações reconheçam a pessoa genial e negra que ele foi”, como diz o site oficial da ação.

    Assim como o projeto citado, no intuito de contribuir para com a propagação da literatura negra, foram selecionadas obras de autores(as) negros(as) indicativas. O referido Machado de Assis traz em seu livro Memórias Póstumas de Brás Cuba a escravidão, tendo sido publicada antes da abolição no Brasil. No mesmo século, Maria Firmina dos Reis, sob o pseudônimo de “uma maranhense”, publicou Úrsula, primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, trazendo, também, a escravidão em pauta, além de dar à narrativa dos personagens negros e mulheres uma perspectiva subjetiva própria. Muitos historiadores consideram sua obra o primeiro romance abolicionista brasileiro.

    Ainda tratando de nacionais, Olivia Pilar é autora de 4 contos excepcionais com protagonistas mulheres negras LGBT+: Entre estantes, Tempo ao tempo, Pétala e Dia de domingo. A escritora também possui contos em 3 coletâneas diferentes, além de um romance publicado e outro a caminho! Ryane Leão é outra autora brasileira que vale ser citada, com seus livros de poesia Tudo nela brilha e queima e Jamais peço desculpas por me derramar, variando entre poemas longos e curtos, sobre homens e orixás.

    Em 2018, o livro O ódio que você semeia ganhara adaptação cinematográfica. Ano passado, a autora (Angie Thomas) publicou seu novo romance, Na hora da virada. Ambas as criações acompanham a trajetória de uma adolescente negra que precisa lutar pelos seus direitos e pelos daqueles que tem por perto. No mesmo “naipe” da última obra de Angie, em que a personagem idealiza ser uma das maiores rappers de todos os tempos, A Poeta X é o livro de Elizabeth Acevedo, em que a afro-latina Xiomara expõe seus questionamentos, dificuldades e experiências em forma de poesia. A personagem vem de uma família extremamente religiosa e procura lidar com seus problemas através das palavras, depositando sua raiva e suas queixas em seu caderno.

    Por fim, retomamos ao Brasil com Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Os diários da mulher que sustentava três filhos como catadora de papel chegaram às mãos de um jornalista que escrevia sobre a favela. Ou pretendia escrever, até ter acesso aos relatos de Carolina em sua escrita simples, não sendo de toda correta, mas transmitindo os sentimentos da favelada melhor que qualquer rico e extenso vocabulário.

    Ainda no Brasil, mas não de nascença, temos a norte-americana Tomi Adeyemi. A filha de imigrantes nigerianos ganhara uma bolsa em Salvador para estudar a relação afro-brasileira e afro-americana a partir da escravidão. Com um estudo posterior em religião, mitologia e cultura africana, Filhos de sangue e ossos nasceu. Há 50 semanas na lista de mais vendidos do The New York Times, a série acompanha uma história em que a magia dos orixás está para se perder, e a jovem Zélie precisa salvar o legado de seu povo.

    Muitos outros autores(as) negros(as) e livros temáticos podem ser facilmente encontrados, com abordagens variadas para cada gosto – apenas neste texto, tivemos poesia, romance e conto. O que não falta são novos autores, com livros de estreia esperando para serem lidos.

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