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Literatura
negra é, como o nome entrega, uma ramificação da literatura que traz textos de
autoria negra, geralmente envolvendo temáticas raciais. A solidificação do
termo se teve no início do século XX, com manifestações diversas, dentre elas,
o Renascimento do Harlem nos EUA e o Movimento de Negritude em algumas ilhas do
Caribe, sempre tratando do orgulho racial.
Machado
de Assis faz parte da literatura negra brasileira, por mais que durante muito
tempo esse fato não fosse de conhecimento popular. A campanha “Machado de Assis
Real”, realizada em 2019 pela faculdade Zumbi de Palmares, procurara corrigir o
erro e encorajar novos escritores negros com a divulgação de uma foto colorida
do autor, “para que todas as gerações reconheçam a pessoa genial e negra que
ele foi”, como diz o site oficial da ação.
Assim
como o projeto citado, no intuito de contribuir para com a propagação da literatura
negra, foram selecionadas obras de autores(as) negros(as) indicativas. O
referido Machado de Assis traz em seu livro Memórias
Póstumas de Brás Cuba a escravidão, tendo sido publicada antes da abolição
no Brasil. No mesmo século, Maria Firmina dos Reis, sob o pseudônimo de “uma
maranhense”, publicou Úrsula,
primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, trazendo, também, a
escravidão em pauta, além de dar à narrativa dos personagens negros e mulheres
uma perspectiva subjetiva própria. Muitos historiadores consideram sua obra o
primeiro romance abolicionista brasileiro.
Ainda
tratando de nacionais, Olivia Pilar é autora de 4 contos excepcionais com
protagonistas mulheres negras LGBT+: Entre
estantes, Tempo ao tempo, Pétala e Dia de domingo. A escritora também possui contos em 3 coletâneas
diferentes, além de um romance publicado e outro a caminho! Ryane Leão é outra
autora brasileira que vale ser citada, com seus livros de poesia Tudo nela brilha e queima e Jamais peço desculpas por me derramar, variando
entre poemas longos e curtos, sobre homens e orixás.
Em
2018, o livro O ódio que você semeia ganhara
adaptação cinematográfica. Ano passado, a autora (Angie Thomas) publicou seu
novo romance, Na hora da virada.
Ambas as criações acompanham a trajetória de uma adolescente negra que precisa
lutar pelos seus direitos e pelos daqueles que tem por perto. No mesmo “naipe”
da última obra de Angie, em que a personagem idealiza ser uma das maiores
rappers de todos os tempos, A Poeta X
é o livro de Elizabeth Acevedo, em que a afro-latina Xiomara expõe seus
questionamentos, dificuldades e experiências em forma de poesia. A personagem
vem de uma família extremamente religiosa e procura lidar com seus problemas
através das palavras, depositando sua raiva e suas queixas em seu caderno.
Por
fim, retomamos ao Brasil com Quarto de
despejo, de Carolina Maria de Jesus. Os diários da mulher que sustentava
três filhos como catadora de papel chegaram às mãos de um jornalista que
escrevia sobre a favela. Ou pretendia escrever, até ter acesso aos relatos de
Carolina em sua escrita simples, não sendo de toda correta, mas transmitindo os
sentimentos da favelada melhor que qualquer rico e extenso vocabulário.
Ainda
no Brasil, mas não de nascença, temos a norte-americana Tomi Adeyemi. A filha
de imigrantes nigerianos ganhara uma bolsa em Salvador para estudar a relação
afro-brasileira e afro-americana a partir da escravidão. Com um estudo
posterior em religião, mitologia e cultura africana, Filhos de sangue e ossos nasceu. Há 50 semanas na lista de mais
vendidos do The New York Times, a série acompanha uma história em que a magia
dos orixás está para se perder, e a jovem Zélie precisa salvar o legado de seu
povo.
Muitos
outros autores(as) negros(as) e livros temáticos podem ser facilmente
encontrados, com abordagens variadas para cada gosto – apenas neste texto,
tivemos poesia, romance e conto. O que não falta são novos autores, com livros
de estreia esperando para serem lidos.
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